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Itens básicos de um bom Briefing

Dicas para montar seu briefing de design de marca

 

Algumas vezes me peguei em situações de retrabalho em um projeto onde a solução poderia ter sido uma simples pergunta no briefing. Para mim o mais difícil não é resolver o design, mas saber o que perguntar. Conseguir as respostas certas ajuda a definir um valor justo e aumenta consideravelmente as chances de sucesso do projeto.

 

Muitos designers têm receio de espantar o cliente ao fazer perguntas antes de enviar o orçamento. É possível que isso aconteça sim, principalmente se o cliente em potencial não entender a importância das suas perguntas. Por isso é essencial que você eduque seu cliente. Ele não é obrigado a saber como funciona seu processo de design, aliás, ele não é obrigado a saber o que é design. Você é quem tem o dever de explicar da forma mais compreensível possível. Esse interesse em orientá-lo transmite segurança, e segurança pode valer mais do que um portfólio nesse momento.

 

O número de perguntas vai depender do que você considera essencial para precificar e realizar o projeto. Pode ser que para você baste saber que o cliente quer uma marca, um cartão, e que ele quer algo moderno e colorido. Pode ser que você trabalhe com valor fixo para projeto de marca, enfim. Cada um tem seu método.

 

Hoje vou compartilhar meu modelo de briefing de design de marca, que foi desenvolvido com base em referências e lapidado conforme eu ia tomando na cabeça. Na verdade, dependendo do momento posso enviar um briefing resumido ou um completo. Quando o contato é feito pelo meu site o cliente é direcionado inicialmente para o briefing resumido, justamente para não causar aquela primeira impressão de que estou perguntando demais. O completo envio quando tenho oportunidade de trocar uma ideia com o cliente antes.

 

#  Briefing resumido

 

No briefing resumido peço que o cliente explique o projeto por sua conta. Isso significa que posso não receber todas as respostas que preciso, e talvez o cliente precise de orientação. Neste caso, é uma boa oportunidade para marcar uma reunião e explicar a importância das perguntas que faltam. Lembre-se, eduque seu cliente sempre que tiver oportunidade.


#  Briefing completo

 

No briefing completo pergunto quase tudo que preciso saber sobre o projeto, tanto para precificar como para começar a trabalhar. Eu digo “quase” pois algumas questões costumam surgir durante o projeto, claro, mas eu diria que estou bem satisfeito com esse modelo. Ele me permite dar início ao projeto com a certeza de que estou no caminho certo.

 

O que e por quê?

 

Acho que uma boa forma de você definir suas perguntas é entender porque elas são feitas. Foi assim que desenvolvi meu método e aconselho fortemente que pesquise outros quando terminar de ler este artigo.

 

Vou listar abaixo todas as questões existentes no meu briefing e explicar os porquês de cada uma. Espero que isso o ajude a montar o seu, e claro, fique à vontade para usar todas as questões no seu briefing caso lhe sirvam.

 

#  Detalhes do contato

 

Além dos dados básicos, como nome e telefone, acho válido perguntar também o site da empresa. Assim você pode estudar o cliente antes de conversar com ele. Aliás, é também um bom momento para pesquisar sobre a idoneidade do cliente.

 

Também acho interessante saber como o cliente me encontrou. É uma boa forma de descobrir onde as prospecções estão dando resultado.

 

#  Este é um projeto novo ou redesenho?

 

É comum cobrarem mais caro por um projeto de redesenho (redesign) de marca, mas sinceramente não vejo motivos. Em caso de redesenho vejo três caminhos:

 

1 – o cliente quer alterar completamente a marca original – o trabalho será praticamente o mesmo de criar um projeto novo. Logo, cobre o valor de um projeto novo, não mais caro.

2 – o cliente quer apenas pequenos ajustes na marca original –então é bem possível que você consiga reduzir o valor do projeto.

3 – o cliente não sabe o que quer – foge enquanto é tempo!

 

#  Quando precisa do projeto pronto?

 

Prazo também é um item que pode e deve influenciar no seu orçamento. Você provavelmente sabe o tempo médio que leva para terminar um projeto de marca, então, quanto mais curto o prazo em relação ao seu tempo médio, mais você deve cobrar. Mas deixe claro que você leva em média X dias para terminar um projeto de marca. Não vá cobrando mais caro, por exemplo, porque o cliente pediu 20 dias sem avisá-lo que você precisa de 30. Talvez ele aceite 30 dias numa boa.

 

#  Qual seu orçamento para este projeto?

 

Aqui no Brasil esbarramos em uma questão cultural quando perguntamos sobre orçamento. Não é muito comum o cliente expor quanto ele pode investir no projeto, pois pode ser considerada uma pergunta “maldosa”. Na verdade não há mal algum nessa pergunta, pois saber quanto o cliente pode investir significa saber quais serão as limitações do projeto, e consequentemente as possíveis soluções. Além disso, caso você note alguma incompatibilidade entre o valor e os pedidos é um bom momento para orientar o cliente antes de enviar a proposta. Aliás, é aconselhável, pois montar uma proposta dá trabalho e leva tempo. Alinhe o máximo possível com o cliente antes de escrevê-la.

 

#  Por que você precisa deste projeto? Quais são seus objetivos?

 

Além de ajudar a definir o rumo do projeto, esta questão ajuda a definir também seu orçamento. Na verdade, a resposta para esta pergunta pode levar o projeto para vários caminhos diferentes, até mesmo a não realização do projeto. Imagine que o cliente diga que quer mudar sua marca pois precisa aparecer mais, vender mais. Aqui é hora de você analisar e ver se ele realmente precisa de uma marca nova e ser honesto com ele. Talvez ele precise apenas de um profissional de marketing. Você, como profissional, deve aconselhá-lo mesmo isso signifique sacrificar a oportunidade de conseguir o projeto.

 

Acredite, essa não é uma situação incomum. Muitos clientes me procuram quando na verdade precisam de outro profissional. Não acredita? Dê uma olhada no artigo 10 maneiras de confundir o designer gráfico com outro profissional.

 

#  Tipo de marca

 

Marca é marca, então pra que saber o tipo? Acho que o tipo de marca ajuda a entender a complexidade do projeto. Não é uma pergunta que faço necessariamente por questões de orçamento, mas certamente ajuda a definir um caminho.

 

- Marca pessoal – talvez seja um projeto rápido, e consequentemente menos dispendioso. Imagine um Personal Trainer, por exemplo. É possível que ele queira apenas uma marca e um cartão de visitas. Talvez ele não tenha tantas exigências em relação ao design, o que tornaria o projeto relativamente simples. Também pode não haver necessidade de criar versões horizontais, verticais, PB, traço, etc.

 

-  Marca para empresa – costuma ser mais complexo, e consequentemente mais caro dependendo das demandas que vêm junto com o design da marca. Normalmente significa ter que prever todas as versões possíveis da marca (CMYK, RGB, PB, Traço, Horizontal, Vertical, etc.), aplicar em vários materiais (cartão, timbrado, envelope, uniforme, letreiro, etc.) e desenvolver um manual de identidade.

 

- Marca para website – pode não haver necessidade de preparar a marca para impressão (CMYK, Pantone, etc.), e pode não haver necessidade de criar outras versões a não ser a do próprio site. Normalmente está no mesmo nível de dificuldade da marca pessoal.

 

-  Marca para evento – costuma ter o prazo muito curto. Também não há necessidade de criar muitas versões, mas pode chegar ao mesmo valor da marca para empresa por conta da urgência.

 

#  Precisa de um manual de identidade de marca?

 

Alguns clientes, principalmente aqueles que estão criando sua primeira marca, não fazem ideia do que se trata. Neste caso você pode e deve orientá-lo. Pode ser que o manual influencie muito ou pouco no seu orçamento, isso vai depender da forma que você trabalha. Quem possui um modelo pronto normalmente não precisa investir muito tempo.

 

Não sabe o que é um manual de identidade de marca? Dê uma olhada no artigo --> O que é e para que serve um manual de Identidade de marca?

 

#  Lista de pedidos

 

Aqui separo alguns itens de papelaria e outras demandas comuns para o cliente selecionar. Procuro me manter dentro daquilo que realmente posso oferecer. Além disso, separo um campo onde o cliente possa dar detalhes técnicos sobre os itens que selecionou.

 

#  Me fale sobre sua empresa

 

Depois de ter feito a maioria das perguntas técnicas acho que é hora de entender um pouco mais sobre o cliente. A maioria normalmente oferece bastante conteúdo. Aproveite o máximo essa resposta para inspirar seu projeto.

 

#  Descreva seu negócio em duas palavras

 

Aqui você fecha o cerco para entender o que o cliente pensa do seu próprio negócio.

 

#  Descreva seu negócio em uma palavra

 

Ele pode responder uma das duas citadas acima ou uma nova. Aproveite bem estas respostas para defender o conceito do seu projeto.

 

#  Qual o texto assinado na marca?

 

Não é uma pergunta boba, acredite. Você sabe o nome da empresa do seu cliente e faz a marca com o texto “Nome do Cliente” quando na verdade ele queria “Nome do Cliente & Muito Mais”. Sei lá, né. É bom perguntar.

 

#  Possui slogan? Qual o texto?

 

Pergunte pela mesma razão da pergunta acima.

 

- Descreva o máximo que puder sobre seus clientes. Gênero, idade, região, poder aquisitivo, etc.

 

Entenda quem são os clientes do seu cliente. No final das contas é pra eles que você está fazendo seu projeto.

 

-  Que mensagens sua marca deve transmitir para seus clientes?

 

O cliente que já possui um planejamento tem essa resposta na ponta da língua. Normalmente ele complementa as respostas anteriores com alguns valores ou filosofias em que acredita.

 

-  Que mensagens sua marca NÃO deve transmitir para seus clientes?

 

Não perca a oportunidade de fazer essa pergunta, independentemente do tipo de projeto. Ela é tão importante quanto a anterior.

 

-  Liste seus concorrentes locais, regionais e/ou mundiais. Forneça URL’s (links) se possível.

 

Você não quer fazer igual o concorrente do seu cliente. Você quer fazer melhor.

 

#  O que o difere dos seus concorrentes?

 

Aproveite esta resposta para direcionar sua pesquisa. Ela pode ajudar bastante a defender seu projeto. Fica ligado!

 

#  Lista de características (imagem a ser projetada)

 

Alguns designers pedem para o cliente fornecer exemplos de marcas que lhes agradam. Isso pode ser bom por um lado, mas arriscado de outro. É bem provável que esses exemplos limitem sua criatividade, então, acho que o ideal é você fazer perguntas que te ofereçam base para criar conceitos. Eu ofereço uma lista com algumas características que normalmente recebo como resposta e abro espaço para ele listar outras. Essas características normalmente são o ponto chave da minha defesa no projeto.

 

#  Fique à vontade para contribuir com outras informações.

 

Mesmo depois de tantas perguntas (nem tantas assim, vai) provavelmente seu cliente ainda tem algo a dizer. Alguns complementam com conceitos, restrições, e até mesmo ideias de design. Se “ideias de design” for o caso e você não achar a ideia muito boa, convença-o disso utilizando as respostas do briefing. Mas não seja arrogante, pois no final das contas a ideia dele pode não ser tão ruim assim.

 

Faça o briefing respondido valer a pena, mesmo que não seja para você

 

É uma boa prática enviar o briefing preenchido de volta para o cliente, mesmo que ele não te contrate. Assim, além de registrar o que escreveu, ele pode utilizá-lo com outro designer.

 

Fonte: Walter Mattos

           Designer 

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